Uma das minhas maiores influências com relação a leitura e cultura em geral foi Dona Selma, uma professora de Português que tive lá pela quinta, sexta série do ginásio - hoje sexto ou sétimo ano do ensino fundamental. Não sei por que essas pessoas complicam tanto essas coisas de ensino. Ela era louca pelo Chico Buarque e vivia cantando "Ah, se já perdemos a noção da hora...", totalmente desafinada, mas cheia de orgulho. Coitada! Naquela idade ninguém gostava da "chata da professora de Português", apesar dela exercer um papel tão importante. Eu, como ligada ao Chico desde a infância, peguei um certo apego a ela por causa do (bom) gosto em comum. Dona Selma era uma professora dedicada, que sempre vinha com assuntos muito interessantes e ótimos textos para trabalharmos. Fiz minha paródia mais interessante numa daquelas aulas de Português... Ai, ai... Saudades das aulas de gramática...
Enfim. Neste específico momento desta minha "vida, louca vida, vida breve", lembro-me de quando ela nos apresentou a este poema do Drummond:
"João amava Teresa
que amava Raimundo
que amava Maria
que amava Joaquim
que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se
e Lili casou com J.Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.”
Creio que naquela época achei o texto engraçado mas hoje, bom, com tanta influência da Dona Selma, eis aí a minha vida. Não com tantos integrantes, suponho. E essa história de convento, bem, essa Teresa não sou eu, definitivamente.