30 de novembro de 2007

"As flores de plástico não morrem"

Aniversariei, dia desses. Tive festa, presentes, bolo, docinhos (comestíveis, se em sentido figurado se coloque). Tive brigas, fins, começos, recomeços. Gostei, fui gostada; quis, fui querida. Sou querida, quero, amo. Tudo muito intenso e mágico em longas e curtas horas findas.
Tenho paixão por aniversários. Não pelas festas em si; aquelas com balões e família, criancinhas correndo, avós sentados, tios enchendo a cara; não. As festas de que gosto são as dos olhos, dos corações sinceros. Essas são as festas que acontecem com pouca gente: dez pessoas, cinco, duas, uma pessoa, você. Eu comemoro - e não passo sem isso - os meus aniversários com quem quero e como quero. Ora, vamos, aniversário é só uma vez por ano! Quero estar com quem me faz vibrar, transbordar de amor...
Mudei de década, agora. Já não mais pertenço à mesma velha fase. Disseram-me muitos: "está na flor da idade!". Disse-lhes eu: "na flor estamos todos, basta que queiramos"... Pensei nisso e mudei de idéia: acho que na flor não estamos, não. A flor é o resultado final de muitas etapas. Semeia-se, germina-se muita coisa. Em botão tudo é mantido até que surja afinal a bela flor. Não quero estar em flor assim, tão já. A flor não dura tanto quanto quero que dure eu! Quero ser flor, sim, num dia de hoje distante. Daí, desse dia de flor, vou começar a me despetalar por aí e espalhar meu pólen até que o tempo, senhor de todas as coisas, me transforme em simples perfume do que um dia existi. Mas por enquanto não. Por enquanto sou botão fechado, que só se abre de vez em quando para espiar lá e cá. Quero ser botão, meu caro. Receber e absorver cada raio de sol e gota de orvalho; sobreviver às lagartas e insetos; dançar com o vento, sentir o calor e o frio. E enfim receber satisfeita o beija-flor, quando ele vier.
Aniversariei. Aniversariar me deixa poética - mas uma poetisa daquelas bem fajutas, que não sabe direito como terminar um texto.

14 de novembro de 2007

Ah, sim!

Ouçam Portishead!

Vida celeste e egocêntrica

Estive pensando... Bastante, na verdade. Faz um tempão que não páro por aqui e que não escrevo sobre nenhuma bagunça mental que me ocorre. Mas, como ia dizendo, estive pensando... Olhando pro céu, o meu vício maior, as idéias me surgiram como música na mente - o que ocorre sempre e com a maior naturalidade. Quão grandiosa paixão o firmamento me causa! Podê-lo-ia facilmente comparar à vida de qualquer ser vivente: ora nublado, nebuloso, opaco; ora brilhante, estrelado, vívido. Está certo que isto não foi nada original e que não sou nem a milionésima pessoa a fazer tal comparação, mas foi um "estalo" que houve aqui dentro, bem lá no fundinho. Sempre tive isso de me sentir perdida tão logo algo houvesse de fora dos meus planos. Era coisa de ficar sem chão, realmente. Acho que quando tudo desabava eu me sentia completamente apagada do resto do universo. É fato que tudo desabou, nesses últimos tempos, e que qualquer coisa mais leve do que extrema confusão astral não era aceitável à situação em que me encontrava mergulhada. Mas olhando o céu... Olhando assim, com a atenção dantes constante, percebi que a beleza do céu não está nas estrelas, ou numa lua imponente, ou num sol de cegueira e queimadura. A beleza do céu está na existência e no mistério dele mesmo. O que é o céu senão algo que nos cobre as cabeças e que nos faz imaginar coisas mil? Ah, como é tão lindo! Ficaria uma noite inteira a admirá-lo, então, mesmo que com nuvens a esconder seus anéis e brincos de brilhantes. Simplesmente por saber que lá está - seja lá onde isso for. Estou me sentindo um céu, agora. E não preciso de estrelas pra que confirme minha existência, ou que exerça fascinação ou que provoque amor ou que imponha paixão. Auto-confiante? Verdade... Uma dose de céu e jovialidade faz isso com as pessoas...


Talvez eu esteja voltando. Quem sabe? Uma passadinha com tamanho narcisismo já é alguma coisa, não? ;)