27 de julho de 2007

Brincando de Arnaldo Antunes

Navegando pelas ondas internáuticas, achei uma proposta de brincar de Arnaldo Antunes:

"Fecha a dura
Lama a múria
Desse e cado
Fere e mento


Vira a lata
Macho o cado
Senti i mento
Carro ossel

Varre e dura
Nomencla atura
Ego e ísmo
Bele e Léu."


É, até que não ficou tão ruim. :)

26 de julho de 2007

A solução era um sorvete

Era como uma sala vazia, escura. Fria como o inverno estranho no Rio. A cabeça cheia de pensamentos desordenados, confusos. Queria chorar, sei lá. Rir, talvez. As mãos duras, articulações sem querer trabalhar... Fui procurar o que fazer. O armário precisava de organização. Lá fui, então, fazer o que não me parecia possível, em tais circunstâncias: organizar. Apareceram umas coisas que guardava numa caixa. Aquelas coisas que te dizem alguma coisa, sabe como é? Cartinhas, bilhetinhos, postais. Livretos de poemas de alunos do primário, entradas de cinema, de shows, concertos... Cada pedaço de papel e plástico e o que mais fosse significava um momento. Bom, muito bom, ruim, muito ruim. Momentos. Vi um envelope cinza quase sem espaço para mais nada. Cheio de fotografias de gente que eu talvez nem mais reconhecesse se visse pelas ruas. Sorrisos, abraços. Vi vestígios de alegre boemia: bolachas com propagandas de todas as cervejas. Lembrei dos rostos rosados, dos sorrisos e gargalhadas, das pernas trocadas. Vi um livro de poesias. Uma placa de banheiro feminino. Desenhos, brinquedos, corações, moedas. Vi a vida em momentos. Bons, muito bons, ruins, muito ruins. Momentos. Agora era como uma sala escura cheia de objetos fartos de sentimentos. Ali havia sonhos, utopias, amizades, bebedeiras. Dias de sol e noites de chuva que compunham parte da história que lia, como se fosse outra. Sabe a sensação que se tem quando se vai morrer? Um segundo de eternidade, vendo tudo como um filme em fast forward, numa seleção dos maiores momentos. Era isso. Parecia ter noventa anos em 20. Eu quis, ali, dormir. No chão gelado do quarto estávamos os pertences da caixa contadora de histórias e eu. Escuro. Frio. Deixei que meus olhos fechassem e que meu corpo caísse de encontro à parede amarela. Foi quando vi o meu irmão entrar correndo com um sorriso, dizendo:
"-Quer um sorvete?"
Inesperada e subitamente a escuridão passou, após aquele sorvete, naquele estranho dia de inverno no Rio.

21 de julho de 2007

Be it.

"Empty your mind, be formless, shapeless - like water.
Now you put water into a cup, it becomes the cup.
You put water into a bottle, it becomes the bottle.
You put it in a teapot, it becomes the teapot.
Now water can flow or it can crash.
Be water, my friend."

17 de julho de 2007

Utopia de risco

Enquanto ainda lembramos do Maracanã em peso enchendo de vaias o fanfarrão Lula, somos todos "surpreendidos" (muitas aspas, pois na verdade já era mais do que esperado) por mais um acidente envolvendo aviões brasileiros. Na verdade, uma grande tragédia com um airbus da TAM. Cara, é revoltante. A crise aérea já vem rolando há um considerável período de tempo; muitos acidentes de menor porte já ocorreram; a, depois deste fato, segunda maior catástrofe da história da aviação brasileira está, até hoje, sem que seu inquérito receba um ponto-final com conteúdo satisfatório. Somos aconselhados a "relaxar e gozar" enquanto compatriotas perdem as vidas de maneira extremamente violenta por falta de cuidado com um dos mais importantes aeroportos brasileiros. Em 48 horas ocorreram 2 acidentes devido à falta de aderência das pistas de pouso e decolagem. Este, ainda não se sabe certamente, pode ser o terceiro. Há 17 dias a pista principal foi reaberta, depois de outros 45 dias fechada para reforma. Reforma, aliás, que só foi feita após muito reclamar dos pilotos, que disseram que não haveria mais condições de se trafegar ali. O problema é que a reforma não acabou. Falta ainda que o grooving, que são aquelas ranhuras laterais que compõem o sistema de drenagem das pistas, seja feito. Diz-se que o airbus, que transportava 176 pessoas entre passageiros e tripulação, tentou um pouso sem sucesso e não conseguiu força no motor para voltar a arremeter. Falta de freios? Falta de aderência da pista? Falha do piloto? Ainda não se sabe. O que se tem certeza é que muitos brasileiros já morreram nessa brincadeira de voar. O que há? Perguntada sobre o porquê de não ser colocado um concreto poroso ao longo das pistas, uma vez que isso resolveria o problema da falta de aderência, a Infraero apenas disse que "o projeto custa milhões". Agora me digam, caros leitores: se o "honesto" irmão do excelentíssimo senhor presidente ou qualquer parente de outro grande nome da política ou da politicagem nacional estivesse naquele avião, morrendo de maneira tão brutal, os senhores acham que a coisa poderia mudar de figura mais rapidamente?
Sinceramente, eu lamento pelo agonia de quem estava no avião e pela dor e sofrimento de quem eles deixaram aqui fora. Rezo para que, num belo dia de verão, alguém se conscientize de que jogar The Sims e cuidar de um país não são a mesma coisa.


Boa semana, senhores.

15 de julho de 2007

Cuidado

As aparências enganam...

Tamanho nunca foi documento

Há um delay neste post, mas não podia deixar de comentar tal curioso fato: o mais alto e o mais baixo homem do mundo se encontraram na quinta feira passada (12/7/07). Imaginem vocês - aliás, vejam, logo abaixo - que maravilha de cena a de um gigante ao lado de um "pingo de gente" de enormes 73cm (com todo respeito ao He Pingping - até o nome dele é engraçadinho!) .

Devo acrescentar que possuo apenas 1,58m de altura, e que não seria tão diferente assim a cena do encontro entre Bao Xishun, o homem mais alto de que se tem conhecimento e eu. Meus alunos já caem na minha pele quando algum professor, obviamente mais alto que eu, entra na sala para qualquer fim... Imaginem se me vissem ao lado de um homem de 2,36m.

Turbilhão "ditongativo" de idéias

Ditongo: s.m. (Gram.) Conjunto de semivogal + vogal (ditongo crescente), ou de vogal + semivogal (ditongo decrescente). C.f. hiato
s.m.2 (vide Blaga's dictionary) - Período que sucede um hiato criativo; agrupamento desordenado de boas idéias; inspiração momentânea ou contínua após período (indeterminado) de ausência de produção intelectual.

I'm back, everyone!

10 de julho de 2007

Agradecimentos pelo ditongo que segue

E então, como eu já disse, vivencio um hiato criativo há um tempo considerável. (Desculpem-me por chegar assim, sem ao menos dar um "boa tarde", mas é que acabei de perder um post inteiro e estou meio zangada.) Pois bem, na tentativa de recuperar a inspiração e o fogo (ui!) literário de outrora, venho sempre aqui dar uma olhada na movimentação, reler uns posts, checar comentários. O bacana é que sempre me deparo com mensagens ótimas de incentivo, de prestígio. Tenho poucos, mas consideravelmente interessados e interessantes leitores (os quais adoro visitar e ler, também), que não perdem a oportunidade de me ajudar na "flor-e-sência". Quando resolvi começar a postar meus escritos - que não são lá obras de Machado de Assis, mas que agradam a uma belíssima meia-dúzia - criando um blog, não imaginava que receberia tanto apoio dos que me lessem. Fico contentíssima com o carinho recebido. E anuncio que o meu querido hiato está arrumando as malas para sair de férias por tempo indeterminado.
Gracias, señores!

3 de julho de 2007

Um viva ao hiato

Olha, estou escrevendo qualquer coisa aqui, mas é só por causa do Pan. Eu, mesmo, estou enfrentando um terrível hiato criativo e nada tenho a dizer de mais interessante. Só que acho que virou moda, esse negócio de viver em função do Pan. E como estou sem inspiração, viro modista por uns tempos, sem problemas.
Passo na rua e vejo, todos os dias, uma "manada" de garis limpando, cortando a grama, podando árvores e mini árvores. Vejo muitos carros da Light e da RioLuz com aqueles homens pendurados nos postes trocando as lâmpadas queimadas e quebradas. Passam uns caminhões que eu nem sei de onde são, com aquelas tintas fedorentas, pintando as faixas das estradas. Tudo isso por causa do Pan.
Não, é claro que eu não estou reclamando que iluminem, limpem, que cuidem das ruas todas. Acho ótimo! Eles têm mais é que fazer isso, mesmo. O problema é que é por causa do bendito Pan!! É Pan na TV, é Pan nos outdoors, é Pan em tudo que é lugar. Quando acabar, volta tudo ao normal.
Então, quando acabar o Pan, eu volto ao normal, também.
Brincadeirinha, meus queridos poucos leitores. Só escrevi sobre isso hoje pra ter certeza de que não posso cair à tentação de me candidatar a nenhum cargo político na minha vida. Esse troço de política mexe muito comigo. Que medo.
Desculpem pelas divagações excessivas. Deve ser o Pan. (risos)

Boa semana!

1 de julho de 2007

?

Eternamente é ter na mente éter na mente e terna mente. Eternamente.