20 de abril de 2008

Memórias escolares

Uma das minhas maiores influências com relação a leitura e cultura em geral foi Dona Selma, uma professora de Português que tive lá pela quinta, sexta série do ginásio - hoje sexto ou sétimo ano do ensino fundamental. Não sei por que essas pessoas complicam tanto essas coisas de ensino. Ela era louca pelo Chico Buarque e vivia cantando "Ah, se já perdemos a noção da hora...", totalmente desafinada, mas cheia de orgulho. Coitada! Naquela idade ninguém gostava da "chata da professora de Português", apesar dela exercer um papel tão importante. Eu, como ligada ao Chico desde a infância, peguei um certo apego a ela por causa do (bom) gosto em comum. Dona Selma era uma professora dedicada, que sempre vinha com assuntos muito interessantes e ótimos textos para trabalharmos. Fiz minha paródia mais interessante numa daquelas aulas de Português... Ai, ai... Saudades das aulas de gramática...
Enfim. Neste específico momento desta minha "vida, louca vida, vida breve", lembro-me de quando ela nos apresentou a este poema do Drummond:

"João amava Teresa
que amava Raimundo
que amava Maria
que amava Joaquim
que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se
e Lili casou com J.Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.”

Creio que naquela época achei o texto engraçado mas hoje, bom, com tanta influência da Dona Selma, eis aí a minha vida. Não com tantos integrantes, suponho. E essa história de convento, bem, essa Teresa não sou eu, definitivamente.

19 de abril de 2008

Imagem legal

Jazz... Legal, né?

17 de abril de 2008

A bela arte de sentir

Trabalho, trabalho, trabalho! Estudo, estudo, estudo! Evolução, evolução, evolução! E escrever, que é bom... "Tudo a seu tempo", dizem. Concordo. Se não tem o que dizer, não diga nada. Agora eu tenho:
Na ação cotidiana de olhar o céu de madrugada, sempre me surpreendo com toda aquela perfeição. Às vezes sou contemplada com uma estrela cadente, com uma faixa de nuvem, uma única estrela brilhando no meio de todo um céu nublado e, de vez em quando, inspiração. A inspiração dessa noite foi a Björk.

Ontem conversava com um amigo a respeito dela, este ser tão polêmico. Dissertávamos acerca da veracidade de tanta alternatividade. Eu acredito, ele não. Björk é alguém que me inspira e alegra, em muitos aspectos. Musicalmente falando, sou fã, apesar de muitos duvidarem da sua qualidade musical. Falando sobre atuação, ela é obviamente ótima; aliás, pra quem não conhece, "Dancer in the dark" é um lindo musical que vale a pena assistir. Em todo um conteúdo artístico, acho-a indiscutível (não venham discutir Björk comigo, por favor). Mas o que mais me satisfaz nesta peculiar islandesa (sim, Joe, islandesa!) é a emoção que transparece quando se trata de arte. A música dela não é só a música: é um conjunto de música + fotografia + performance pra explicar o que é tudo aquilo, na verdade. Tudo isso eu já imaginava, mas li no site dela a seguinte afirmação:
"The reason I do photographs is to help people understand my music, so it's very important that I am the same, emotionally, in the photographs as in the music. Most people's eyes are much better developed than their ears. If they see a certain emotion in the photograph, then they'll understand the music."
Björk, Index Magazine, july 2001.
Cara, é isso! É isso o que eu busco quando me apaixono por algum artista. É isso o que eu espero ter quando ligo o rádio ou ponho um CD pra rolar. Pessoas que fazem o que gostam de fazer, da maneira que gostam de fazer, expressando o que querem expressar pro mundo. Tudo bem que tudo isso pode ser pura "lorota" da Björk Guðmundsdóttir, mas prefiro acreditar que ainda existam pessoas que realmente se importam com a arte.
NX Zero que me desculpe, mas um viva à verdadeira música, aquela que não se influencia por opiniões e sai intocada da alma de um ser privilegiado pela sensibilidade e o talento. Quando eu crescer, vou mudar meu nome pra Björk e passar a usar roupas de cisne.

12 de fevereiro de 2008

Retirada estratégica

Para começar, quando me propus a criar um blog, a idéia maior era a de não fazer dele um diário idiota. Pois bem, criei o flor-e-sendo e vi cair por terra tanta convicção. Ah, mas quem é que está ligando? Não deixa de ser um tipo de diário (ou semanário, ou mensário, ou anuário, que seja), mas não é um diário idiota e estou feliz com ele. A idéia do blog - e quem acompanha os posts periódicos já percebeu, espero - é a de mostrar evolução detalhada (porque "eu gosto das coisas bem explicadinhas, nos seus mínimos detalhes") em todos os sentidos com a escrita; mostrar um bocado das experiências e situações que (sobre)vivo. Com isso, vamos aos trabalhos:

Quem de nós nunca se viu numa situação limite, onde é extremamente necessária uma fuga desesperada, quem sabe, pra outro planeta? Bom, se você ainda não, que pena. Essa vivência muda em muito a vida dos seres mortais.
O ano que passou foi um dos mais conturbados e cheios de mudanças que já vivi, e o fim dele foi completamente insustentável. Decidi, num ato de coragem (woo hoo!), que sumiria do mapa, me isolaria, cairia fora, meteria o pé, daria linha na pipa desse mundo cruel por uns tempos, e que começaria este ano muito bem, obrigada. Aí veio a questão: como raios eu faria isso? O céu me mostrou o caminho, então arrumei as malas e fui. Não posso dizer que tive férias e descansei, porque na verdade isso só aconteceu durante o período de festas de ano novo, mas vou dizer que rejuvenesci uns 20 anos, mesmo trabalhando arduamente, como foi o caso.
Conheci muita, muita gente; muitas culturas, muitos pensamentos e idéias diferentes. Dei e recebi muitos sorrisos e "abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim"... Vi um jacaré tomando sol e também vários outros bichos exóticos (muitas baleias, com o perdão da má palavra) tomando sol. Levei tombos no escuro, levei tombos de riso, levei tombos de bêbada. Riso, muito riso. Ajudei a compôr uma música, a cantar essa música, a nomear e inaugurar uma praça, a cortar bambu, a fazer artesanato, a carregar malas, a matar a fome, a fazer carinho, a lavar roupa, a proteger da chuva, a banhar na chuva, a fazer peixe, a fazer história. Tanta felicidade gratuita que só sendo criança pra sentir e entender. Eu vi um céu... Que céu! Ah, aquele céu... Apaixonei-me todos os dias de manhã. E mais: apaixonei-me por mim todos os dias de manhã.
Ligações perdidas e esporros à parte, foram os melhores 40 dias da minha vida até agora. Volto dessa aventura com mais bagagem e menos idade (enquanto falando de sentimentos pessimistas e negativos em geral) do que quando parti com as malas na mão e olhando o céu indicador. Dizem que o ano no Brasil só começa de verdade após o carnaval, não é? Pois bem, então:
Feliz ano novo pra vocês e pra mim, back to the real world. E quando precisarem fugir de si mesmos me avisem, que eu digo exatamente onde vocês podem conseguir isso. Mas só se eu for com a cara de vocês, também, porque não são todos os privilegiados a conhecer esse lugar mágico, não. E tenho dito.

Antes, um aviso

Por favor, não levem ao pé da letra e nem sequer tentem encontrar sentido em muitas (muitas mesmo) das coisas que hão de ler aqui. Passei 40 dias num universo paralelo a este, onde tudo faz sentido, mas diferente. Acho que voltei desta mágica com umas coisas muito doidas na cabeça. Minha criatividade está um tanto quanto psicodélica, creio eu.

Desculpe, o quê?
Ah, sim, sim... Minha mãe sempre diz isso de mim. Pois é.

Tá bem, isso foi um surto e não um post. Desconsiderem, por favor.
Obrigada.