2 de junho de 2007

Em uma palavra: absurdo.

É bem sabido que a cultura no Brasil precisa receber mais investimento. Na verdade, muito mais investimento. Há 16 anos foi criado o Projeto Nacional de Apoio à Cultura, ou Lei Rouanet, que consiste na permissão do investimento de 4% do imposto de renda devido das empresas em projetos culturais. É pouco, mas é algo. Há um tempo andou circulando em todos os veículos de comunicação a notícia de um projeto de lei assinado pelo excelentíssimo senhor senador Marcelo Crivella que, por acaso, é sobrinho do Edir Macedo - para quem não lembra, fundador da Empresa, perdão, Igreja Universal do Reino de Deus. A criatura quer que a fé vire cultura. (Eu, sempre caindo nessas pegadinhas de rima. Ainda arrumo um jeito de ganhar dinheiro com isso.) Segundo o senador, "nada expressa melhor a formação de nossa cultura que o caldeamento das diversas religiões, seitas, cultos e sincretismos que moldaram o processo civilizatório nacional".
Ora, façam-me um favor. Com tanto dinheiro investido pelos fiéis iludidos de todo o país, eles ainda querem tirar da "pobre" cultura a parte que lhe cabe? É revoltante. Um absurdo!
O projeto só não foi aprovado em caráter terminativo porque o queridíssimo senador Sibá Machado, do Acre, apresentou uma emenda e fez com que o tal voltasse pra aprovação do plenário. Nesta, o homem achou necessário que fosse corrigida uma parte do projeto original, que dizia que os benefícios da Lei Rouanet deveriam se estender a "Templos". Acrescentou assim um "de qualquer natureza ou credo religioso". Pronto. Agora qualquer lugar que se intitule templo religioso poderia usufruir do dinheiro das empresas, porque também seria cultura.
E ainda elegemos esses putos para cuidarem do nosso país... É brincadeira.

Assine aqui. Uma petição online para tentarmos fazer algo a respeito.
Sinceramente, o que eu queria era ver o povo nas ruas, mais uma vez, lutando pelo que acredita. Mas se é tão cômodo como está, indignada, me retiro.

Bom domingo de preguiça...

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