Às segundas e quartas tenho uma turminha com 9 cidadãos entrando em sua fase adolescente. Todas as aulas são um desafio para mim, afinal adolescentes gostam é de testar limites - e eles o fazem com minha paciência inglesa. Fiz com eles hoje um quiz e pedi que dividissem a turma em 2 grupos. Eles disseram: "-Meninas contra meninos, teacher!", e assim foi. Perguntava, eles respondiam. Muito sabidos que são, acertavam quase tudo. (A professorinha puxa-saco não exagerou, desta vez. Eles são bons, mesmo.) Deu-se que as meninas ganharam por 20 pontos a 14. Como esperado, começaram então os comentários. E destes surgiu um assunto bastante polêmico e discutido: afinal, homens são mesmo mais inteligentes que mulheres? My goodness! Foi uma calorosíssima discussão. Meninas argumentavam, meninos rebatiam, e eu, sem saída, juntei-me ao debate para tentar conter o frisson daqueles encantadores adolescentes destruidores de nervos. Tamanha é a capacidade de análise e aprendizado desses pequenos que fiquei babando durante a conversa ao invés de contê-los. Bem, rasgações de seda à parte, num determinado momento uma das meninas se exaltou um pouco e foi um tanto quando grosseira com um colega. Pedi-lhe, então, que fosse mais sutil e disse-lhe que assim ela seria até melhor interpretada. Não demorou 1 segundo e: "-Mas professora, o que é 'sutil'?". Fiquei um pouco intrigada com aquela pergunta e tive um flash de memória lá dos meus 13 anos. Acho que mais polite do que eu era, impossível. Eu não tinha computador, internet, TV a cabo nem nada disso, mas tinha um dicionário e sabia o que "sutileza" significava... Passado o pensamento egocêntrico, e de volta à memória a condição de teacher, expliquei o que era ser sutil. A aluna me olhou com cara de esclarecimento e se redimiu junto ao colega. Não se passaram 30 segundos e a discussão continuou, mas a sutileza reinou naquela hora.
Todos os dias o que se vê é uma banalização do outro, um egoísmo infundado, falta de boa-fé. O mundo está marcado por atos inpensados, pessoas despreparadas, desconhecedoras de si mesmas. Ah, utopia! Que a humanidade fosse formada por adolescentes como os meus, de segundas e quartas, que aprendem em uma lição o valor e a importância da simples sutileza. São coisas tão simples a serem mudadas, mas são tantas que parece não haver jeito. Parece... Meu nome deveria ser Esperança.
Todos os dias o que se vê é uma banalização do outro, um egoísmo infundado, falta de boa-fé. O mundo está marcado por atos inpensados, pessoas despreparadas, desconhecedoras de si mesmas. Ah, utopia! Que a humanidade fosse formada por adolescentes como os meus, de segundas e quartas, que aprendem em uma lição o valor e a importância da simples sutileza. São coisas tão simples a serem mudadas, mas são tantas que parece não haver jeito. Parece... Meu nome deveria ser Esperança.
Um comentário:
Essa história explica corretamente o modelo de vida que devemos seguir, devemos ser sempre sutis para os seres vivos que nos acompanham. A vida é como um jogo que um dia acaba e não sabemos suas regras ao todo.
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